Secretaria Municipal da Saúde
Shirley conta como a humanização do atendimento beneficia a gestão de altas de longa duração no Hospital Guarapiranga

A enfermeira Shirley Ferreira Schunck, 43, descobriu muito cedo que escolheria como profissão cuidar de pessoas. Ela conta que, quando era criança, preparou junto com o pai uma tala de madeira para imobilizar a pata quebrada do cachorro de estimação da família. Deu certo. A felicidade sentida com a recuperação do pet já prenunciava essa vocação. Responsável pelo escritório de Gestão de Altas do Hospital Municipal Guarapiranga, zona sul da capital, Shirley demonstra brilho nos olhos pelo trabalho com pacientes de longa internação.
No Sistema Único de Saúde (SUS) da capital há quase 20 anos, a carreira dela começou pela atenção primária, nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e em domicílio. “Comecei no cuidado em casa. Ainda não conhecia o ambiente hospitalar, mas depois de 12 anos quis novos desafios. Foi aí que participei do processo seletivo no Guarapiranga e entrei aqui como enfermeira”, relembra. Quando chegou no hospital, o tempo de permanência nas internações e a ausência de visitas para alguns pacientes a intrigaram.
Ela quis entender se os longos períodos de internação dos pacientes era uma questão social ou familiar. “Eu ficava me perguntando por que eles estavam há tanto tempo aqui. Então, comecei a fazer atividades com eles, como o dia da beleza, dia de escutar música, de pintar unha e fazer o cabelo e, assim, criamos um cuidado diferente, mais humanizado”, explica.
Assim, a enfermeira se aproximou das histórias dos pacientes para entender melhor como ajudá-los. Há cinco anos, o hospital Guarapiranga oferece o serviço de retaguarda para as outras instituições da rede de Saúde, acolhe pacientes com doenças crônicas por longos períodos e a implantação da gestão de altas veio como parte dessa humanização do serviço. “O projeto teve um grande impacto na vida dessas pessoas e melhorou a gestão de leitos. Começamos em agosto do ano passado e vamos completar um ano com ótimos resultados, tanto para os pacientes internados há bastante tempo, que são os de retaguarda, quanto com os pacientes da clínica”, relata.
Toda essa dedicação vem sendo reconhecida em várias frentes. A enfermeira Shirley recebeu, em 2024, o prêmio “Protagonista de Humanização”, concedido pela Comissão de Humanização do Hospital Guarapiranga. “Isso é o cuidado. Às vezes quando você senta para conversar com o paciente ao mesmo tempo em que corta as unhas dele, já é um cuidado de saúde”, reflete. Shirley também ganhou o selo “Gente que Faz o SUS”, em 2022, antes de assumir o escritório de Gestão de Altas, pelos elogios do público ao trabalho dela.
No 38º Congresso de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo (Cosems SP), em abril último, em Santos, Shirley apresentou com a equipe de enfermagem do hospital e o responsável técnico dos médicos, dois trabalhos: “Cuidado Humanizado e a Reintegração de Pacientes ao seu Ciclo Social: casos de Sucesso no hospital municipal Guarapiranga” e a “Eficácia Operacional no Processo de Alta Hospitalar”.
Entre as histórias mais marcantes para a enfermeira, nesse um ano no escritório de Gestão de Altas, está a de Maria Aparecida Damaceno, a “Dadá”. Aos 73 anos de idade, a paciente está no Guarapiranga há mais de mil dias, tempo em que não havia recebido nenhuma visita. Sensível à situação, a enfermeira encontrou no prontuário de Dadá um número de telefone e resolveu ligar. “Eu tinha acabado de entrar no projeto e tudo relacionado ao social precisava ser muito conversado, por conta do sigilo. Começamos a fazer um levantamento e não constava nada da família dela. Como o grau de dependência dela é alto, não tinha como dar alta. Consegui a autorização e liguei para esse contato por vídeo, eram vizinhos. Hoje, ao menos uma vez por mês, aos fins de semana, Dadá recebe visita deles, com quem Dadá tem um vínculo afetivo”, comemora.
Q+
Shirley é paulistana da zona sul da cidade, casada, tem dois filhos, de 22 e 6 anos de idade, respectivamente. Nas horas vagas, ela gosta de cantar – especialmente o ritmo sertanejo –, dançar e ouvir suas canções preferidas. A enfermeira adora ir a karaokês e canta também nas festas de família. Ela mora em uma chácara, na Ilha do Bororé, de onde vai de balsa para o trabalho, mas não abre mão da proximidade com a natureza.
GENTE.DOC
O boletim Saúde Mais Perto/Gente tem uma versão em vídeo publicada no canal da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), no YouTube. Para conhecer mais sobre a história de Shirley, acesse:
HAND TALK
Clique neste componente para ter acesso as configurações do plugin Hand Talk