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A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a obesidade como uma doença crônica a partir de 1997. No Brasil, cerca de 30% da população adulta apresenta este diagnóstico segundo dados do Atlas Mundial da Obesidade 2025 realizado pela Federação Mundial da Obesidade. 
No HSPM Responde de hoje, a Dra. Maria Carolina de Camargo Vieira, médica da Clínica de Endocrinologia do HSPM, vai explicar mais sobre essa doença, cujas manifestações vão muito além do que é visto na balança.

1.    O que é a obesidade?
É uma doença associada ao excesso de gordura corporal (acúmulo de tecido adiposo) devido a um balanço energético positivo ao longo do tempo, ou seja, o corpo recebe e armazena mais calorias que ele gasta. Sua etiologia é complexa e resulta da interação de diversos fatores como genética, alimentação, quadros emocionais, sedentarismo.
A definição mais utilizada para seu diagnóstico é baseada no Índice de Massa Corporal (IMC), calculado dividindo-se o peso do indivíduo em kg pela sua altura ao quadrado em metros. Valores acima de 30 kg/m2 são compatíveis com obesidade.
  
2.    Por que é considerada uma doença?
Embora nem sempre esteja acompanhada por sintomas como cansaço, sudorese excessiva, dores articulares, a obesidade é causa de incapacidade funcional, redução da qualidade e da expectativa de vida e desenvolvimento de diversas comorbidades. O excesso de adiposidade localizada principalmente na região abdominal está associado a maiores riscos de distúrbios metabólicos e cardiovasculares.
 
3.    Quais são as outras doenças que a obesidade pode gerar?
Já foram citadas mais de 200 doenças relacionadas a obesidade. Dentre as mais comuns, diabetes mellitus, hipertensão, síndrome metabólica, esteatose hepática, doença renal, apneia do sono, osteoartrite, diversos tipos de câncer, infertilidade e doenças cardiovasculares.
 
4.    A semaglutida, mais famosa pelas marcas Ozempic e Wegovy, está muito em alta. O que é, como funciona e quando deve ser indicada?
A semaglutida pertence a uma classe de medicamentos conhecida como análogos de GLP-1. O GLP-1 é um hormônio produzido no nosso intestino capaz de sinalizar ao pâncreas quanto à liberação de insulina de forma glicose-dependente. No caso dos análogos, seu tempo de ação é prolongado e, além de atuar de forma semelhante ao que é produzido em nosso organismo, também age no cérebro, reduzindo o apetite; e no estômago, aumentando o tempo de permanência do alimento neste órgão, o que também contribui para uma sensação de saciedade prolongada. A medicação está indicada tanto para pacientes com diabetes mellitus tipo 2, por estimular a produção de insulina, quanto para pacientes com obesidade devido a seus efeitos já citados.

5.    Qual o problema de usá-la apenas para perder peso e não como tratamento?
Sendo a obesidade uma doença, a descontinuidade do tratamento pode levar a um reganho do peso perdido em mais de 90% dos pacientes que faziam uso da medicação. Assim, como todo medicamento, seu uso, bem como sua suspensão, deve seguir orientação médica.
 
6.    Quais os outros tratamentos?
Dado que a obesidade tem origem multifatorial, seu tratamento também deve englobar diversos fatores como alimentação saudável, rotina de exercícios, sono de qualidade, ingestão hídrica adequada além do uso de medicamentos e indicação de cirurgia bariátrica a depender do caso. Manter uma rotina com bons hábitos é fundamental para o controle da doença.