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Terça-feira, 4 de Novembro de 2014 | Horário: 14:06
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Alimentos saudáveis ganham espaço no prato de 925 mil alunos da rede municipal



A ampliação da aquisição de produtos da agricultura familiar, somada à redução da compra de alimentos processados e à intensificação dos controles de qualidade, tem levado mais saúde para os pratos de 925 mil alunos da rede municipal de educação. Atualmente, o Programa de Alimentação Escolar da cidade de São Paulo serve cerca de 2 milhões de refeições por dia, atendendo a quase 2.800 unidades escolares. É considerado um dos maiores programas de alimentação escolar do mundo.

Entre as medidas adotadas pela Prefeitura, está a redução em 50% da frequência em que produtos com baixo valor nutricional são servidos nas escolas. Alimentos como o bolo, que era servido semanalmente, e salsicha, que era quinzenal, passaram a fazer parte do cardápio, respectivamente, quinzenal e mensalmente. A redução de sódio em 100% na margarina, do açúcar em 17% dos bolos servidos no lanche e a isenção de gordura trans em todos os alimentos também fazem parte das ações. Os produtos vêm sendo substituídos por frutas e outros alimentos in natura.

“O objetivo não é só o de tornar a Alimentação Escolar mais saudável, com mais qualidade de produtos e na prática de manipulação. Queremos que se torne referência para as crianças, além da sala de aula, em um processo ainda mais significativo que é o da educação alimentar”, afirmou a diretora do Departamento de Alimentação Escolar (DAE), Erika Fischer.

A dona de casa Simone Abade Couto, 39, já sente a diferença nos hábitos alimentares do filho Thiago Henrique, 5, que estuda EMEI Ubirajara, na região de Interlagos, zona sul. “Ele não comia salada e aceitava poucas frutas. Para ele comer, a briga era grande. Agora, no jantar, ele pede cenoura, pergunta se tem salada e qual será a fruta de sobremesa. Jamais imaginaria isso”, disse Simone.

Depois de manter o filho por mais de dois anos em uma escola particular, ela sente mais confiança na rede municipal na questão alimentar. “Na escola particular, o que ele não queria, não comia. Agora, ele está mais assistido. A escola consegue convencer a comer, ele vê os amiguinhos comendo e agora, ele está trazendo isso para casa. É melhor”, afirmou a mãe.

A diretora da escola de Thiago, Claudia Maria Carneiro Quinto, 42, acredita que a mudança no hábito das crianças tem impacto não só neles, mas nos pais dentro de casa. Atuando há 18 anos na rede municipal como professora e quatro anos na gestão escolar, ela sente a melhora no cardápio oferecido para as crianças.

“As crianças estão começando a fazer com que os pais comprem esses alimentos para consumir em casa. Como os pais trabalham fora e a criança não tinha o hábito, os processados e o fast-food dominavam. Agora, a criança pede e os pais também consomem. É um estímulo de mão dupla”, disse a diretora. “Antes, os alimentos tinham menos nutrientes e hoje, é diferente. Isso tem sido um diferencial na procura das mães pela rede municipal”, afirmou.

Agricultura familiar
Até 2012, apenas 1% dos recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) eram investidos em produtos da agricultura familiar. Atualmente, os investimentos somam 12%. A expectativa é que a até o fim deste ano, o índice chegue a 18%.

Até agora, já foram comprados 252 mil litros de suco de uva integral, 5 milhões de sachês de 200 ml de suco de laranja integral, mil toneladas de arroz orgânico e 520 toneladas de feijão carioca. Até dezembro, serão adquiridos ainda 300 mil litros de suco de uva integral, 360 toneladas de arroz parboilizado, 90 toneladas de carne suína, 512 toneladas de banana nanica e 194 toneladas de banana prata de pequenos produtores que usam menos agrotóxico.

"As grandes empresas que dominam a cadeia produtiva de alimentos utilizam agrotóxicos em excesso. O Brasil é campeão no uso de agrotóxicos. Por ter um controle de uma área menor, o agricultor familiar é menos permissivo com o agrotóxico e isso se reflete nos produtos, que são mais saudáveis”, afirmou Erica.

De acordo com a Lei Federal 11.947/2009, 30% dos alimentos adquiridos para a merenda escolar devem ter como origem pequenos produtores. O DAE trabalha para aproximar-se do patamar até 2016. “A lei deu um salto não só na qualidade dos produtos servidos as crianças, mas também aos agricultores, já que antes, mesmo com a terra e a produção, eles não tinham garantia de venda. Isso está fazendo a diferença para que eles façam a transição para agroecologia e produzam orgânicos, porque a lei incentiva”, disse.

“Diferente de uma cidade menor que fica em uma região produtora, temos a dificuldade de exigir uma grande quantidade de produtos pelo tamanho da cidade e ficamos longe dos produtores. Por isso, o trabalho de busca desses agricultores familiares e fazer com que eles se enquadrem nas exigências, é algo importante e uma vitória”, afirmou a diretora do DAE.

Creches indígenas
Para respeitar e preservar a tradição dos povos indígenas da cidade, o DAE vem trabalhando para ampliar o volume de produtos específicos para os três Centros de Educação e Cultura Indígena (CECIs). Atualmente, as 276 crianças atendidas nas creches indígenas fazem cinco refeições diárias, contando com os mesmos alimentos das unidades regulares, com adição semanal de mandioca, milho verde e bata doce com o preparo de merendeiras indígenas.

Foram adquiridos em outubro e estão sendo submetidos a laudos técnicos produtos como farinha de milho, fubá e canjica para que façam parte da alimentação diária dos pequenos índios. A previsão de entrega é para o mês de novembro, atendendo uma antiga reivindicação para o preparo de pratos típicos da cultura guarani.

Cardápio vegetariano
Outro projeto de valorização da saúde alimentar é o do cardápio vegetariano dentro da Alimentação Escolar. Uma vez por quinzena, mais de 684 mil alunos das escolas municipais recebem um cardápio composto por uma refeição em que a carne é substituía por Proteína Texturizada de Soja (PTS). O alimento é servido, normalmente, na forma de macarronada com molho de PTS e escondidinho de purê de batata com PTS. Para os CEIs a frequência é mensal, com macarronada com molho de PTS ou risoto com PTS, para cerca de 228 mil crianças.

Qualidade e educação alimentar
Desde o início de 2013, o Departamento de Alimentação Escolar (DAE) contratou 46 novas nutricionistas, atingindo quase 100 profissionais. Metade do quadro ajuda na produção do cardápio e avaliações dos produtos adquiridos, enquanto a outra parte da equipe se divide entre as quase 2.800 escolas municipais da cidade.

Além do serviço de fiscalização da armazenagem, manipulação e preparo dos alimentos para as crianças, os profissionais estão cada vez mais próximos da comunidade escolar. Os debates sobre o assunto da rede de educação foram ampliados com os novos nutricionistas para dar mais força a educação alimentar. Desde o início do ano passado, foram realizadas 213 atividades de capacitação alimentar e nutricional.

“Antes, não haviam braços para fiscalizar e acompanhar o processo junto às unidades escolares. Agora, além dessa possibilidade que amplia a qualidade, os nutricionistas fazem algo ainda mais importante e por isso, mais difícil, que é trabalhar com a educação, chamando pais, crianças e educadores a discutirem o tema”, disse Erika Fischer.

“A escola está mais amparada. Antes, tinham visitas das nutricionistas, mas agora o acompanhamento é frequente e o apoio é maior. Isso valoriza não só as crianças, mas as merendeiras e a gestão, que tem convicção que está fazendo o certo e pode corrigir os erros”, disse a diretora da Emei Ubirajara, na zona sul, Claudia Maria Carneiro Quinto.

Entre as iniciativas que surgiram da discussão está o prêmio “Educação além do prato”, que após debates junto com as merendeiras, reuniu 292 projetos de receitas com frutas e legumes, com 259 projetos pré-aprovados. Serão selecionadas 26 receitas, dois por Diretoria Regional (DRE) de onde restarão seis vencedores, que serão incluídos no cardápio das crianças.

“A princípio, era só um concurso de receitas, mas os debates provocaram um desafio e esse é o objetivo da discussão em relação a educação alimentar”, afirmou a diretora do DAE.

Na Emei Ubirajara, os professores levam legumes e verduras para apresentar para as crianças em sala e promovem o preparo e a degustação do alimento posteriormente. Além disso, em atividades com os pais, a discussão da educação alimentar é feita e neste mês, as crianças prepararam sanduíches natural para os debates. “Apesar de ter começado a funcionar em julho, o tema é muito importante na escola e quanto mais os pais se envolverem e a crianças gostarem disso, a evolução vai acontecer”, disse a diretora da unidade.

Fotos
Crédito: Heloisa Ballarini
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