Prefeitura de São Paulo

Os argentinos que vieram a São Paulo para o jogo entre a Argentina e Holanda pela semifinal da Copa do Mundo de 2014 mas estavam sem ingressos para assistir à partida na Arena Corinthians, em Itaquera, não desanimaram. Muitos foram para a Fifa Fan Fest, no Vale do Anhangabaú, ou para bares da cidade.

Na Fan Fest, os acessos do local foram fechados às 16 horas, horário em que a capacidade máxima de 25 mil pessoas foi alcançada.

Antes do início do jogo, a maioria era de torcedores argentinos. Um grupo de sete amigos argentinos viajaram mais de 2.500 quilômetros de Buenos Aires a São Paulo para acompanhar a partida na cidade. "Chegamos hoje, e pelo que vimos a cidade é muito bonita, e as brasileiras também. Amanhã já vamos para o Rio, onde vamos assistir a final contra a Alemanha", disse Lionel Marizalvi, 24, já prevendo a vitória argentina.

Mas teve até brasileiros que se vestiram de laranja, a cor da seleção da Holanda, para torcer contra os "hermanos". O Casal Murilo Costa Júnior, 51, e Zita Penna, 50, trouxe filhos, sobrinhos e amigos da família para torcer para os holandeses. "É muito divertido aqui. Já viemos quatro vezes. Hoje somos Holanda", afirmou Murilo.

Mas os poucos holandeses presentes não temeram a invasão argentina. "Viemos passar duas semanas no Brasil para a Copa do Mundo. Já passamos por Salvador, vamos ficar cinco dias em São Paulo e ainda vamos para o Rio. Estamos gostando muito da cidade, do metrô e as pessoas são hospitaleiras", disse a holandesa Patrícia Vanderberg, 55.

Outro lugar que recebeu muitos argentinos foi o Moocaires, bar localizado na Mooca, bairro da zona leste da cidade. Cerca de 200 pessoas acompanharam o jogo no local, entre argentinos e brasileiros que torciam para o país vizinho. "Durante a Copa, trabalhamos muito. Fico exausta, mas sei que mal a Copa acabará e eu já estarei ansiosa pela próxima. Essa folia é muito boa", disse Rita de Cácia Valério, gerente do bar há mais de seis anos.

Alejandro e Silvio Ambrosini deixaram a cidade de Jaú, no interior de São Paulo, com a filha Sol, 4, para assistirem à partida no local do qual eram frequentadores quando moravam no bairro, há alguns anos. "O Moocaires é a recriação de um pedaço da Argentina aqui no Brasil. A iniciativa de reunir torcedores aqui durante os jogos é fantástica", disse Alejandro, argentino que vive no país há 14 anos. 

Para o também argentino Alejandro Javier, 43, um local para a reunião de seus compatriotas é fundamental no Brasil. "Poder torcer livremente pela Argentina é bem mais fácil aqui. Confesso que, muitas vezes, me sinto isolado entre os torcedores brasileiros", disse ele, referindo-se à rivalidade que há entre os dois países no futebol. Rivalidade essa que para ele não ultrapassa os campos, já que é casado com uma brasileira e reside em São Paulo desde 1991. "Vim assistir a uma corrida do Ayrton Senna, me apaixonei pelo país e aqui fiquei", afirmou ele, que não tem planos de retornar tão cedo ao seu país de origem. 

O comerciante paulista Clayton Assad, 40, também sente na pele a rivalidade que há entre Brasil e Argentina. Corinthiano roxo, ele passou a torcer pelo país vizinho já na Copa de 2006, época em que o atacante Carlos Tévez integrava a equipe do time paulistano. "Sou exceção. Nenhum dos meus amigos me entende. Gosto tanto do clima daqui que essa é a terceira Copa do Mundo que acompanho no bar. Os argentinos são muito mais divertidos, sabem mesmo torcer", afirmou.

A Argentina venceu a Holanda e está na final da Copa do Mundo de 2014. No próximo domingo (13), enfrentará a Alemanha no Maracanã, no Rio de Janeiro. No dia anterior, Brasil e Holanda disputarão o terceiro lugar do mundial no estádio Mané Garrincha, em Brasília.