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Domingo, 6 de Junho de 2021 | Horário: 11:47
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Rede Municipal de Ensino aborda história e cultura do continente africano por meio do Programa Jogos de Tabuleiro

Concurso Mancala Awelé selecionará 13 trabalhos de estudantes, servidores e ex-alunos até o dia 28 de junho. Premiados receberão medalhas

A Secretaria Municipal de Educação (SME) promove o Concurso Mancala Awelé. A atividade, que faz parte do Programa Jogos de Tabuleiro (PJT), é realizada com o intuito de promover uma política afirmativa de valorização da cultura africana com os estudantes, servidores e ex-alunos da Rede Municipal de Ensino (RME). Os participantes podem se inscrever no concurso até o dia 28 de junho.

Para fazer parte da atividade, os interessados devem confeccionar suas peças, tabuleiros e mantos do jogo e postar nas redes sociais – facebook ou instagram – com a #MancalaAweleSME21, junto do nome completo, escola e série que cursa.

Serão, ao todo, 13 trabalhos selecionados, sendo 10 na categoria estudante e 3 na categoria de professores, servidores ou ex-alunos. Os nomes dos premiados serão divulgados no dia 2 de julho nas redes da SME, e eles receberão medalhas pelos trabalhos.

As categorias são:

1) TABULEIRO e PEÇAS – Estudantes;
2) TABULEIRO e PEÇAS – Professores / Servidores / Ex Alunos;
3) MANTO – Estudantes;
4) MANTO – Professores / Servidores / Ex-alunos.

Programa Jogos de Tabuleiro


Integrando a Rede Municipal de Ensino desde 2016, o Programa Jogos de Tabuleiro (PJT) está presente nas Unidades Educacionais que mantêm a Educação Infantil, o Ensino Fundamental, o Ensino Médio e a Educação de Jovens e Adultos. Em 2019, cerca de 50 mil estudantes tiveram experiência com o projeto nas escolas. Desses, cerca de 30 mil participaram de algum dos 43 eventos já realizados. A iniciativa dissemina a prática dos jogos e o uso do seu valor pedagógico para o desenvolvimento dos estudantes.

Responsável pelo programa Jogos de Tabuleiro da RME, o professor de Educação Física Marcos Renato Cezar enfatiza a importância do projeto na grade curricular dos alunos. “Além de prazerosos, os jogos trazem consigo aspectos matemáticos, históricos, culturais, comportamentais, cognitivos, dentre muitos outros”, destaca.

Segundo o responsável pelo PJT, os professores, após terem recebido as formações, atuam com os alunos em projetos dentro da sala de aula e também  nos contraturnos. “Os estudantes participam também  dos eventos promovidos pelas Diretorias Regionais de Ensino e pela SME nos festivais (que ocorreram virtualmente em 2020 e 2021). Esses eventos são os momentos de troca e de contato com outros estudantes”, conta Cezar.

Com o intuito de criar uma maior representatividade às diferentes culturas e continentes do planeta durante as experiências lúdicas, a RME incluiu no programa o jogo de Mancala Awelé, representando a cultura africana, o jogo de GO, trazendo a cultura asiática, o  Jogo da Onça,  abordando a cultura indígena e americana,  e o  Xadrez, que, apesar de ter surgido na Ásia, tem seu modo de jogar e regras criadas na Europa.

Origem da Mancala

A Mancala é um jogo de tabuleiro milenar que surgiu no continente africano há mais de 7 mil anos. O desafio é considerado por muitos como a família de jogos mais antiga do mundo. Já foram catalogadas mais de 600 tipos de Mancala, sendo a Awelé apenas uma delas. O nome “Mancala” vem da palavra árabe “nagaala”, que significa “mover”.

Como uma alegoria da semeadura, o jogo utiliza sementes que são colocadas sobre o manto, mas que, por vezes, podem ser jogadas diretamente na  terra, cavando buracos ou riscando linhas para representar as casas do tabuleiro. As casas dos mantos e tabuleiros podem ser vistas como  a representação da semeadura das sementes e das colheitas.

Mancala como valor cultural

O jogo possibilita o desenvolvimento do raciocínio lógico e do cálculo com suas inúmeras jogadas e estratégias. Contudo, a Mancala não é importante apenas no aprendizado matemático dos estudantes, pois ela tem um alto valor cultural e histórico, que por meio de seus símbolos podem valorizar a cultura afro-brasileira, apresentando a cosmovisão africana.

Jussara Santo, integrante do Núcleo Étnico Racial (NEER), detalha aspectos da cosmovisão africana. “Nela, a competição e o ganhar não é preponderante,  o que prepondera é a partilha, a coletividade e o trabalho em grupo”, afirma.  Durante a partida, nas semeaduras e colheitas, “é preciso pensar que não é possível deixar o oponente sem sementes, que o que importa no final não é ganhar, mas a ludicidade”, complementa.

A integrante do núcleo acrescenta ainda que é possível ver a Mancala como uma grande potência para pensar os valores civilizatórios africanos e como contribuição para se ver e aprender “outros jeitos de viver”. Os estudantes são apresentados a novas formas de ver o mundo a partir do currículo da cidade, que deixou de ser eurocêntrico e passou a contribuir para a disseminação de  políticas antirracistas, introduzindo esses novos saberes.

Mais que um jogo

Isis Ridão, pesquisadora de culturas afro-brasileiras, explica que abordar a atividade apenas como um jogo pode ser um erro. Segundo ela, “a Mancala além de ser divertida, também veicula valores, tanto os sociais, quanto o modo de pensar numericamente”. A ação abre portas para a educação matemática decolonial e etnomatemática, que desafiam a ideia da matemática como um conhecimento objetivo e defende um ensino da disciplina voltado ao entendimento de diferentes contextos culturais.

“A Mancala não é  apenas uma simples relação com a atividade e com o jogo, ela mobiliza um conjunto de atividades que são formativas para aquela criança que está participando”, afirma a pesquisadora. Assim sendo, promove a proposição de ideias e aumenta a capacidade de solucionar problemas. O desafio  traz a possibilidade do estudante se colocar em posições diferentes que vão além da dinâmica do “ganhar ou perder”.

Desde a confecção dos seus tabuleiros, os participantes podem carregar elementos representativos de cada cultura, expressando status e especificidades. Muito mais que um jogo, a atividade desenvolvida faz parte de um movimento de valorização dos saberes e da cultura africana desenvolvido na Rede Municipal de Ensino.

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