Prefeitura de São Paulo

Neste dia 24 de dezembro, a Vila Reencontro Cruzeiro do Sul completa seu primeiro ano de funcionamento, um marco significativo na jornada de acolhimento e transformação de vidas. Com capacidade para abrigar até 160 pessoas em 40 módulos de 18 m², a unidade tem se destacado como um espaço de moradia digna. O serviço oferece um ambiente seguro e bem estruturado para diversas famílias em situação de rua que enfrentam desafios variados.

"Aqui tenho um respaldo tão sólido que minha filha não tem ideia do que é estar em situação de rua". É desta forma que Rafael Cortez, de 32 anos, define o tamanho da sensação de dignidade que a Vila Reencontro – Cruzeiro do Sul, localizada na Zona Norte da cidade, lhe traz.

Ao recordar o início da jornada na Vila Reencontro há um ano, Rafael compartilha suas primeiras impressões à época. “Quando cheguei aqui, há um ano, pensei que seria totalmente diferente. Foi uma surpresa maravilhosa, me surpreendi; aqui eu me sinto abraçado", comenta.

Os módulos das Vilas são equipados com fogão, geladeira, banheiro privativo, pias e ventilador de teto, além da mobília montada de acordo com a configuração da família. Ao redor das casas, há playground, horta comunitária, cozinha toda equipada e lavanderia. As instalações proporcionam um ambiente completo e estruturado, que vai além do básico, buscando promover o bem-estar e o desenvolvimento integral de cada indivíduo.

O objetivo de Rafael é o mesmo das outras 110 pessoas atualmente acolhidas neste equipamento: a saída qualificada – quando a pessoa em situação de rua alcança sua autonomia e não precisa mais dos serviços da rede socioassistencial. Neste primeiro ano do projeto, 43 pessoas já conquistaram a saída qualificada do serviço.

Aline Miranda, 33, uma das beneficiárias que alcançou autonomia graças ao projeto há 8 meses, revela que a saída das ruas era sua meta há algum tempo. "Eu já queria buscar minha autonomia, apenas precisava de um empurrão, e foi aqui na Vila que dei o primeiro passo em direção à minha saída qualificada", relembra.

Hoje, Aline Miranda mora em uma casa alugada na Zona Sul da cidade com seu marido e filho. Ela enfatiza o impacto transformador do serviço. "A Vila foi a melhor coisa que me aconteceu. Foi o caminho para deixar a rua e ir para minha própria casa". Experiências como essas refletem a diversidade de trajetórias positivas moldadas pelo Programa Reencontro.

A iniciativa conta ainda com outras três Vilas já inauguradas e funcionando pela cidade. Ao todo, são quase mil vagas para o acolhimento às famílias em situação de rua por meio destes equipamentos, que, juntos, já promoveram a saída qualificada de mais de 78 pessoas.

O secretário de Assistência e Desenvolvimento Social, Carlos Bezerra Jr., expressou sua satisfação sobre a comemoração de um ano da Vila Reencontro: "Este serviço é uma demonstração de dedicação e empenho em proporcionar não apenas abrigo, mas oportunidades reais de mudança. A autonomia conquistada por 43 pessoas é um reflexo do sucesso desta iniciativa."

Desde a sua inauguração, a Cruzeiro do Sul proporciona oportunidades e autonomia para as famílias em situação de vulnerabilidade social, desempenhando um papel fundamental na comunidade.

O serviço vai além da oferta de abrigo, promovendo diversas atividades para assegurar que o lazer se torne uma parte integrante do processo de acolhimento. Oficinas de artesanato, cuidados com a horta, capoeira e yoga, além de atividades externas como idas ao circo, ao teatro e ao aquário, são alguns dos exemplos das experiências vivenciadas pelos acolhidos.

Outras Vilas
A Secretaria já realizou a entrega de quatro unidades das Vilas Reencontro. Além da Vila Reencontro - Cruzeiro do Sul, que foi a primeira entregue, a pasta já inaugurou:

• A Vila Reencontro - Anhangabaú, localizada no centro histórico da cidade, inaugurada em fevereiro de 2023 e também com 40 unidades que podem acolher até 160 pessoas a depender da composição familiar;
• A Vila Reencontro - Pari, localizada na Zona Leste da capital, em outubro de 2023, com capacidade para receber até 400 pessoas em 100 unidades;
• A Vila Reencontro - Santo Amaro, na Zona Sul, com 68 unidades para acolher até 272 pessoas, inaugurada em dezembro de 2023.

Na unidade Cruzeiro do Sul, onde funcionava o antigo clube da Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC), serão instaladas até 270 unidades modulares que acolherão, ao todo, até 1.080 pessoas.

Mais sobre o Programa Reencontro
O Programa Reencontro prevê a entrega de unidades que serão destinadas prioritariamente a famílias - com ou sem crianças-, que estejam utilizando as ruas da cidade como moradia há menos de dois anos. Cada família deve permanecer entre 12 e 18 meses nas moradias transitórias das Vilas Reencontro, e participar de capacitações profissionais e outros atendimentos sociais com o objetivo de ganho de autonomia.

Os critérios de elegibilidade para acolhimento nas moradias transitórias são as informações do CadÚnico, as famílias em que as mulheres são as responsáveis, núcleos familiares que possuam crianças e adolescentes em sua composição e que estejam em situação de rua por um período mais recente (de seis meses a 24 meses).

O projeto possui três eixos de atuação: conexão, cuidado e oportunidade. O primeiro visa a estimular a recriação de vínculos preexistentes e o fortalecimento da rede de apoio. O primeiro elemento de conexão entre o poder público e o indivíduo em situação de rua é a abordagem social, sendo, portanto, um instrumento fundamental de vinculação das pessoas à política pública e às demais etapas e eixos do Programa Reencontro.

Já no segundo eixo serão oferecidas moradias subsidiadas para aqueles que não possuem renda suficiente, nas seguintes modalidades: locação social, que é o aluguel subsidiado conforme renda; a renda mínima ou o auxílio pecuniário para pessoas sem problemas de drogadição; moradia transitória ou as unidades com alta rotatividade para que se busque evitar o processo de cronificação, promovendo rápido resgate da autonomia.

O eixo oportunidade, por fim, consiste na intermediação de mão de obra e emprego, através da capacitação profissional, da alocação em contratos públicos (Decreto nº 59.252/20), da busca ativa por vagas e do estímulo à contratação no setor privado.