Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente
O que (ainda) dá para fazer em São Paulo, em relação às mudanças climáticas?
Na foto (da esq. para a dir.): Alberto Rodriguez (México), Ricardo Viegas (secretário adjunto da SVMA), Laura Ceneviva (Comitê do Clima), Marussia Whately, Humberto Ribeiro da Rocha (palestrantes) e Ricardo Ferreira (secretário adjunto da Sehab).
Os cuidados com os recursos hídricos e o olhar atento às variações térmicas dentro do território paulistano foram tema de debate durante a 72ª Reunião do Comitê de Mudança do Clima e Ecoeconomia de São Paulo. O primeiro encontro do ano foi realizado nesta terça (18), na sede da Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz (UMAPAZ), responsável pela educação ambiental junto à Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA). Participaram o secretário adjunto da Secretaria da Habitação, Ricardo Ferreira, e o Chefe do Departamento de Relações Internacionais da Cidade do México, Alberto Rodriguez.
Após alguns informes, a Secretária Executiva do Comitê, Laura Ceneviva, deu ciência a todos da retificação do Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa 2010-2017, informando ter havido detecção de duplicidade de contagem das emissões de um dos itens (Setor Energia Estacionária, Subsetor Indústria de Energia). Isso alterou o total de emissões que, por exemplo, em 2017, era de 16.130.962 toneladas de CO2e, e passou a ser 15.418.071 tCO2e. Também foi aprovado o calendário anual dos encontros do Comitê, que ficará disponível no site da SVMA.
O secretário adjunto da SVMA, Ricardo Viegas, destacou que há uma onda provocada pela demanda política, em relação às necessidades cotidianas da população no âmbito do meio ambiente. Lembrou o papel do prefeito Bruno Covas ao propor um Plano de Ação Climática e criar a Comissão Hídrica, e das ações da SVMA por meio dos diversos planos verdes.
“Os agricultores que prestam serviços ecossistêmicos poderão ser remunerados. Criamos uma nova modalidade para implantar novos parques, através do TDC (Transferência do Direito de Construir), no qual o titular da área realiza a troca, implanta o parque e o mantém por dois anos; realizamos a concessão vitoriosa de seis parques, criamos dez novos parques e também teremos 51 parques revitalizados. Precisamos aumentar os recursos e melhorar a gestão”, concluiu.
O clima
O primeiro a se apresentar foi o prof. Humberto Ribeiro da Rocha, da USP, pesquisador na área de hidroclimatologia. Ele abriu seu painel citando o respeito ao meio ambiente em comum a dois grandes pensadores: Henry David Thoureau, cujo livro Desobediência Civil inspirou Gandhi, e Ralph Waldo Emerson, que colocou o respeito à natureza na linha de frente, em seu livro Natureza. Ele reforçou que causas físicas promovem o aquecimento do meio, tanto em escala urbana quanto rural. Falou das diferenças na detecção dessas alterações e como isso ocorre nas grandes cidades.
Dentre todos os elementos possíveis para conter o atual quadro, o docente destacou as medidas de adaptação, que podem repercutir até em médio prazo, com ênfase na infraestrutura verde, sem entrar em conflito com a estrutura cinza. Citando indícios de que essas medidas poderiam melhorar a qualidade de vida, a saúde e a segurança, destacou: Não sou médico, mas trabalho com pessoas de saúde pública e fico impressionado com o total de casos de desordem psiquiátrica e de câncer em áreas urbanas. Impossível ignorar alguma relação com o meio”. Para ele, o grande responsável pelo aumento das temperaturas da região sudeste e, em particular, em São Paulo, ainda é a emissão dos GEE”.
A água
A segunda apresentação foi feita por Marussia Whately, Diretora Executiva do Instituto Água e Saneamento. “A primeira coisa que a chuva lava é a memória da seca”, lembrou Marussia, ao se referir à crise hídrica que a cidade sofreu em 2014. Foi após essa crise que um grupo com mais de 80 organizações passou a integrar a “Aliança pela Água”, passo importante que, mais tarde, gerou uma reação governamental. Em maio de 2019, o prefeito Bruno Covas promulgou a lei 17.104, que instituiu a Política Municipal de Segurança Hídrica e Gestão das Águas, e posteriormente publicou a Portaria 349/2019, criando a Comissão de Segurança Hídrica, da qual a palestrante integra, ao lado de outras instituições e de, pelo menos, seis pastas, dentre elas a SVMA.
A especialista destacou que o tema água é muito mais amplo e envolve diversos setores da sociedade. Basta lembrar que, por conta da crise hídrica, houve armazenamento de água e, com ele, surgiram criatórios propícios à proliferação da dengue. “Trouxemos para a agenda municipal o fornecimento, o saneamento e a drenagem, pois não é possível falar sobre esse assunto sem envolver o conjunto. Afinal, de quem é a água? Precisamos responder a essa pergunta e ampliar o debate sobre segurança hídrica com o Comitê do Clima”, sugeriu.
Participação internacional
Um dos diferenciais do encontro foi contar com a participação do Chefe do Departamento de Relações Internacionais da Cidade do México, Alberto Rodriguez, que aproveitou sua estada na capital paulista para prestigiar as atividades do Comitê. Ele destacou a semelhança entre as grandes metrópoles, como São Paulo e Cidade do México, e as lições a serem executadas pelos governantes daquela cidade.
“Queremos, em médio prazo, reduzir a produção diária de resíduos sólidos de 12 mil t para 3 mil toneladas, e acreditamos que poderemos alcançar nossa meta com o desenvolvimento de projetos de economia circular e de reciclagem”, afirmou Rodriguez. Ele destacou ainda a necessidade de reduzir o volume de veículos em circulação, oferecendo outros modais, e afirmou que um dos nós daquela metrópole é dar finalidade aos resíduos da indústria da construção. “Queremos que esses rejeitos se transformem em matéria-prima para o setor de pavimentação, reduzindo assim também a contaminação do solo”.
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